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Aposta de pouco ágio

Aposta de pouco ágio

Correio Braziliense
11/03/2019

Por — Simone Kafruni

Embora seja consenso entre analistas que o leilão dos 12 aeroportos marcados para esta semana terá interessados em todas as ofertas, há quem esteja cético sobre os resultados. Miguel Neto, sócio sênior do Miguel Neto Advogados, tem dúvidas sobre eficiência do modelo de blocos. “Os preços vão vir menores e vão ficar muito próximos do mínimo. Não tenho expectativa de muito ágio”, afirma. Segundo ele, diante de uma oferta casada, o investidor avalia sempre o que está por baixo e não o melhor. “O esquema não é muito bom. Para pagar o filé pelo preço do osso há um desconto”, sintetiza. O advogado aposta que vai haver interessados de operadores que já atuam no Brasil.

A opinião é compartilhada pelo ex-ministro da Infraestrutura João Santana. “A Fraport (operadora alemã que arrematou os terminais de Porto Alegre e Fortaleza na última rodada) está com uma estratégia de montar uma plataforma de aeroportos integrada e deve apresentar proposta”, estima. Operadores menores que atuam em terminais regionais também devem participar da disputa, ainda que reunidos em consórcio, de acordo com Santana. “O modelo de outorga variável e cinco anos de carência permitem isso”, completa.

Risco

O atrativo do bloco do Centro-Oeste, considerado o pior pelo ex-ministro, é o baixo investimento para 30 anos. “Dá para apostar, mas não acredito em grandes ágios, porque nenhum dos pacotes é brilhante do ponto de visto de negócio. E ainda há o risco de quem ganhar, ao ver que não rendeu, devolver a concessão”, acrescenta.

A demanda baixa do Centro-Oeste e do Sudeste faz Fernando Marcondes, sócio do L.O. Baptista Advogados, acreditar que a disputa maior será pelo bloco do Nordeste. “Recife é o mais interessante, pela questão turística, pelo porto de Suape e por poder se tornar um hub para o exterior. Agora, João Pessoa, que é colado em Recife, como é que fica? Se justifica investir ali, tão perto?”, questiona. Marcondes lembra que o Grupo Vinci (operadora francesa que arrematou o terminal de Salvador) entrou em outras áreas para diversificar seus investimentos no Brasil. “Criou a Vinci Partners porque o setor de aeroportos deixou de ser atrativo”, observa.

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