Publicações

Neste semestre, fusões e aquisições no País devem retomar operações

Neste semestre, fusões e aquisições no País devem retomar operações

DCI – Finanças
17.08.2017

Por – Ernani Fagundes

Relatório da Anbima mostrou queda de 46,8% no volume das transações realizadas e um recuo de 25,5% no número de negócios até junho em comparação com o mesmo período do ano passado

São Paulo – O cenário para fusões e aquisições é considerado positivo para o segundo semestre de 2017. Mas no acumulado de janeiro até junho, o volume caiu 46,8% para R$ 32,7 bilhões e o número de transações encolheu 25,5% para 44 negócios.

Os dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) não consideram operações abaixo do ticket de R$ 20 milhões, que não estão no foco das principais instituições financeiras do País.

Na visão da associação, o volume caiu na primeira metade do ano, mas transações relevantes serão contabilizadas no segundo semestre.

“Continua o interesse de investidores estrangeiros por ideais estratégicos de longo prazo no Brasil e a sensação de uma retomada gradual da economia”, disse o coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da Dimas Megna.

O relatório da Anbima ainda mostrou que a participação de operações na faixa entre R$ 20 milhões e R$ 99 milhões aumentou para 43,2%, ante 33,9% em igual período do ano passado. Esse percentual, se mantido, será o maior desde 2012 (40,3%).

Ao mesmo tempo, as grandes operações com volume acima de R$ 1 bilhão recuaram para 15,9% no período de janeiro a junho, ante a marca de 25,4% em igual comparação com 2016.

Para a CEO da Sparks Capital, Ana Elisa Bacha Lamounier, o primeiro semestre ainda foi marcado pela falta de confiança dos investidores com a instabilidade política no País, mas passada a rejeição da denúncia contra o presidente da República na Câmara dos Deputados, o mercado trabalha com a perspectiva de que Michel Temer terminará o mandato no final de 2018.

“Se a gente está feliz ou não com governo é outra questão. Mas foi removida uma indefinição que prejudicava a decisão dos negócios. O principal risco continua sendo o fiscal.”

Ana Elisa apontou que o novo pacote fiscal anunciado na terça-feira à noite (15) – dada a necessidade do governo por recursos – deve trazer leilões de aeroportos e de infraestrutura para este final de ano. “O governo precisa dessas receitas para fechar suas contas”, argumentou a CEO da Sparks.

Outro especialista também acredita que o período final do exercício poderá responder de forma significativa para a conclusão de negócios. “Certamente 2017 será melhor que 2016. O primeiro semestre foi muito afetado por causa da instabilidade política”, disse Romeu Amaral Jr, sócio do escritório JR Amaral Advogados.

“Temos [neste semestre] um ambiente melhor, com a aprovação de reformas como a trabalhista e a continuidade da liquidez internacional. Os estrangeiros estão de olho no Brasil, estamos numa curva ascendente”, completou o sócio.

Numa linha mais realista, a sócia do escritório L.O. Baptista, Esther Jerussalmy Cunha, disse que o início de 2017 deixou muito a desejar, pois algumas operações foram canceladas devido às incertezas na recuperação econômica. “Este semestre tende a ser mais aquecido, mas ainda há incertezas sobre a aprovação das reformas e a eleição”, alertou.

Quanto à atratividade do capital externo, Esther ponderou, que mesmo com a elevada liquidez internacional, outros emergentes receberam maior atenção. “O Brasil está perdendo feio na comparação com outros países. A China – por exemplo – está investindo em diversas frentes e ficamos de fora”, observou a sócia.

Os dados da Anbima mostram que a participação de estrangeiros comprando empresas brasileiras ficou em 25,5%, ou R$ 8,3 bilhões no acumulado até junho, enquanto as transações entre empresas brasileiras somaram R$ 12,5 bilhões (38,1%). As operações entre estrangeiros movimentaram R$ 8,5 bilhões (26,1%), e o volume por empresas estrangeiras vendendo para brasileiros ficou em R$ 3,4 bilhões.

Efeito da baixa dos juros

No cenário para o médio e longo prazo, a baixa da taxa básica de juros (Selic) deverá estimular o investimento em negócios mais produtivos. “A queda da Selic vai migrar o dinheiro para economia real”, assegura Ana Elisa, da Sparks Capital.

Essa perspectiva é válida se os juros no Brasil ficarem baixos por um período prolongado. “Os IPOs [ofertas iniciais de ações] já estão acontecendo, o que permite a saída [realização de lucros] de alguns fundos internacionais, isso dará fôlego para um novo ciclo de investimentos em participações”, diz.

A proposta do Ministério da Fazenda de antecipar o imposto de renda sobre ganhos de capital de fundos de investimentos exclusivos (fechados) também pode levar os grandes cotistas (empresários e clientes de private bank) dessas carteiras à reflexão. “Pode haver [alguma movimentação], mas não vejo um impacto muito significativo’, diz Dimas Megna, coordenador da Anbima.

Disponível em:  http://www.dci.com.br/financas/neste-semestre,-fusoes-e-aquisicoes—no-pais-devem-retomar-operacoes-id645250.html

Outras notícias
Tags