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Novo modelo de concessões vai exigir mais produtividade

Novo modelo de concessões vai exigir mais produtividade

Época Negócios

09/05/2019

 

Obras de infraestrutura hoje precisam não só usar tecnologia digital durante os trabalhos, mas também contemplar “upgrades” futuros. O porto de Roterdã, o maior do Ocidente, tornou-se um caso referencial de digitalização dos negócios, criação de um gêmeo digital e adoção de internet das coisas.

Tem o plano de estar pronto para os navios autônomos até 2030. No porto de Qingdao, na China, o Terminal Automático de Contêineres Qianwan usa inteligência artificial desde 2017. Máquinas sem piloto fazem grande parte do trabalho, com ganho de 30% de eficiência. O Brasil está vários passos atrás — deficiências mais primárias, como rodovias esburacadas e portos sem dragagem adequada, fazem o país deixar de crescer pelo menos 1,5% anualmente, segundo o Banco Mundial.

O atual calendário de concessões do governo federal (leia o quadro) reabre oportunidades para atrair capital e conhecimento. “Os novos modelos de licitação de infraestrutura, herdados do governo do ex-presidente Michel Temer, devem estimular o uso de novas tecnologias, que ajudam a aprimorar os resultados financeiros”, diz João Santana, sócio da CS Consulting e ex-ministro da Integração Nacional.

A maioria dos novos contratos estipula bonificações anuais pela superação de metas, baseadas em indicadores de qualidade e produtividade. Caso os objetivos não sejam cumpridos, a concessionária corre o risco de ser multada. “Com isso, as empresas deverão buscar sistemas inteligentes capazes de reduzir custos fixos e gerar melhorias, como já acontece em outros países”, diz Fernando Dutra, gerente de setor público e governo da consultoria EY.

Fundos de investimento e empresas espalhadas por Ásia, Europa e América do Norte vêm observando o setor de logística brasileiro, que deve movimentar cerca de R$ 110 bilhões nos próximos anos. Os grupos interessados têm acesso a estudos prévios de rentabilidade, custos e faturamento, elaborados pelo BNDES, quando uma nova concessão é anunciada. “Essa postura traz mais segurança e previsibilidade”, afirma Dutra.

A espanhola Aena, que deu início recentemente a um projeto de reconhecimento facial no aeroporto de Palma de Maiorca, na Espanha, venceu licitações, em março, para administrar seis aeroportos brasileiros, entre eles os de Recife e Maceió. A empresa controla mais de 60 terminais aéreos no mundo. No ano que vem, devem ser realizadas novas concessões de rodovias, ferrovias e aeroportos. Estão na lista estradas como a BR-163 na Região Norte, e os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). O desenvolvimento de cartões pré-pagos com selo magnético para passar pelos pedágios e o uso de robôs para a movimentação de contêineres são algumas das medidas analisadas pelos investidores.

O modelo ainda vai passar por testes. “As agências reguladoras vão ter de analisar os relatórios financeiros e de produtividade apresentados todo mês pelas concessionárias”, afirma Alberto Sogayar, advogado da área de infraestrutura do escritório L.O. Baptista Advogados, que tem acompanhado de perto os leilões. Será um desafio. “Para o sistema funcionar, precisa haver agilidade de todas as partes”, diz o especialista.

 

 

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