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Governo realiza leilão para contratar energia para Roraima

Governo realiza leilão para contratar energia para Roraima

Blog Ricardo Antunes

31/05/2019

 

O governo realiza nesta 6ª feira (31.mai.2019) 1 leilão de geração de energia para atender Roraima. O Estado é único que não está conectado ao sistema elétrico nacional. Será o 1º leilão para contratar usinas para suprir a demanda de sistemas isolados. Há 156 empreendimentos cadastrados para participar.O certame será realizado às 10h, na sede da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), em São Paulo, por meio de sistema eletrônico. O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, participará do evento.

A contratação de novos empreendimentos é uma medida emergencial para evitar que o Estado fique no escuro nos próximos anos. De acordo com dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a demanda por energia deve crescer 4% até 2023.

A intenção do governo é diminuir a dependência energética gerada da Venezuela e também a necessidade de acionar usinas térmicas a diesel, mais caras e poluentes. A proposta é contratar energia de fontes renováveis como solar, biomassa e eólica.

As usinas deverão fornecer energia para atender a população da capital Boa Vista e demais localidades no Estado a partir de 28 de junho de 2021.

O leilão é visto como 1 marco no setor elétrico em relação à entrega de energia em regiões que não são abastecidas pelo sistema elétrico nacional. Dos 270 sistemas isolados, a maior parte está no Norte. As exceções são 1 sistema no Mato Grosso e o arquipélago de Fernando de Noronha.

Dos 270 sistemas isolados no Brasil, a maioria está na região Norte. As exceções são Mato Grosso, com duas localidades, e o arquipélago de Fernando de Noronha

Na avaliação da advogada Rebecca Maduro, sócia da área de energia do L.O Baptista Advogados, a realização do leilão abrirá portas para outros certames dedicados aos sistemas isolados. A questão principal nessas regiões, segundo ela, é a complexidade de fornecer energia.

“Há uma dificuldade em fornecimento de óleo pela posição geográfica, as usinas são antigas e as linhas de transmissão estão desgastadas. Existe uma necessidade grande de ampliação do parque gerador pelo aumento de demanda nos próximos anos”, disse.

Pela restrição no sistema de transmissão, a energia gerada em sistemas isolados deve ser perto do local de consumo.

 

 

ESTADO NO ESCURO

O fornecimento precário de energia elétrica em Roraima é pauta do setor elétrico há anos. Por quase 20 anos, o Estado foi abastecido pela energia elétrica gerada na Venezuela. A ligação entre Boa Vista e o complexo hidrelétrico de Guri, em Puerto Ordaz, é feita pelo Linhão de Guri.

Por conta do agravamento da crise econômica no país vizinho e a falta de manutenção do linhão que transmite a eletricidade, o Estado enfrentou instabilidade no fornecimento nos últimos anos. Foram mais de 80 blecautes em 2018.

Em março, a Venezuela cortou totalmente a energia elétrica que chegava ao Brasil por Guri. Atualmente, Roraima conta apenas com a energia gerada em usinas térmicas locais. São necessários cerca de 1 milhão de litros de combustível –transportados em carretas até o Estado– por dia para manter o fornecimento.

A operação custa, por ano, cerca de R$ 1,95 bilhão. Por lei, esse custo é pago pelos consumidores do restante do país.

 

SETOR AINDA SONHA COM LINHÃO

O governo tenta, mais uma vez, conseguir o licenciamento do Linhão do Tucuruí para retomar a obra a linha de transmissão que ligará o estado ao abastecimento de energia do restante do Brasil.

A linha de transmissão foi licitada em 2011 pela Aneel. O consórcio TransNorte –formado pelas empresas Alupar e Eletronorte– investiu R$ 300 milhões no empreendimento, que deveria ter sido entregue em dezembro de 2015.

Mas, as obras sequer começaram porque a Justiça as suspendeu, após discussão sobre a passagem da linha pelo território indígena de Waimiri-Atroari.

Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu a obra como de interesse da Política de Defesa Nacional. A expectativa do governo é que as obras comecem em 30 de junho e sejam concluídas em 3 anos.

“A construção do linhão implicará em desenvolvimento sócio-econômico da região. É necessário energia firme, eficiente e disponível para fomentar 1 parque industrial, o comércio e trazer desenvolvimento”, afirmou Rebecca Maduro.

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