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Agronegócio brasileiro, a luta por sobrevivência

Agronegócio brasileiro, a luta por sobrevivência


03.11.2017

As perspectivas e os resultados para o agronegócio em 2017 são bastante animadores. As empresas lutam, mas faltam investimentos governamentais para colocar o agronegócio brasileiro no papel social da mais alta relevância

Em evento realizado recentemente em São Paulo, cuja temática era voltada para o Agronegócio Sustentável, algumas questões foram levantadas para reflexão e para que pudessem ser colocadas em prática tendo em vista a posição do Brasil neste segmento.

O evento contou com a presença dos governadores dos Estados de Goiás e Mato Grosso, senadora e ex-ministra da agricultura Sra. Katia Abreu, ex-ministra do meio ambiente Sra. Izabella Teixeira, assim como diversos representantes de classe, empresários e estudiosos sobre o tema.

De acordo com dados divulgados neste evento foi possível concluir o seguinte: o agronegócio representa 23% do PIB; segundo estimativa do IBGE, a safra agrícola até o final de 2017 terá um total de 240,3 milhões de toneladas, fenômeno este conhecido de “supersafra”; Goiás e Mato Grosso se transformaram em Estados com alta capacidade de produção; o Brasil reúne dois grandes recursos (água e solo fértil), essenciais para impulsionar o comércio de grãos sustentáveis; a China é a maior compradora da produção brasileira.

Apesar de dados animadores, como os acima indicados, concordam os palestrantes que há entraves que impedem que o Brasil se firme como a grande potência do agronegócio, tais como a ausência de planejamento, investimento federal e de estratégias internacionais de comércio; a escassez de infraestrutura que permita um escoamento eficaz da produção e a necessidade de novas tecnologias que impulsionem o plantio, replantio e produção de grãos sustentáveis. Soma-se a estes entraves a alta carga tributária do país, apontada, juntamente com outros problemas regulatórios, como responsável por impedir melhores condições de competitividade global.

Certamente que os problemas do setor agropecuário são históricos e vão muito além dos acima apresentados. Ainda assim, é possível identificar que o País experimenta um momento particular. Do ponto de vista legal, as novas leis sobre a terceirização no Brasil e reforma trabalhista chegam para modernizar e estimular o crescimento. As relações trabalhistas envolvendo o Agronegócio enterra de vez aquela ideia dos empregados “boias frias” que trabalhavam em condições sub-humanas, ao mesmo tempo em que abre espaço para relações de trabalho mais flexíveis, impulsionadas pela revolução tecnológica e global.

Acresce-se a isto os novos modelos de negócios que criaram uma verdadeira revolução em questão de empreendedorismo, como é o caso das startups de agtech (mercado de tecnologia no agronegócio), cujo foco é o de crescer rapidamente, gerando lucros cada vez maiores. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), esta área teve um crescimento, entre 2015 e 2016, de 70% e a previsão da associação é que esse número triplique até o final de 2017. Os recursos se espalham por negócios como robótica, biotecnologia, softwares e sistema de monitoramento de desempenho de lavouras.

Não é só isto. Estas empresas, assim como o agronegócio, em geral, apostam nos selos de garantia de sustentabilidade, justamente para atender às exigências do mercado mundial. Por este motivo é que os empresários, pequenos ou grandes produtores, estão cada vez mais preocupados na qualificação da atividade empresarial de modo a obter certificações que coloquem as empresas em grau máximo de confiança para que seus negócios tenham respeitabilidade e a lucratividade esperada frente aos investimentos realizados.

Tudo isso torna especial o momento no qual o país se encontra. O grande desafio que se apresenta é se o setor continuará a responder e a crescer diante da crise interna pelo qual o País vem passando. E mais, seria isto possível, a despeito do inexpressivo e insuficiente apoio do governo? Qual seria o impacto do agronegócio no Brasil na hipótese de uma possível desaceleração no crescimento da China? Estas e outras questões merecem destaque e uma análise mais profunda, pois são fundamentais para colocar o agronegócio brasileiro com o papel social da mais alta relevância no Brasil.

Roberta Hanna e Peterson Vilela, advogados do escritório L.O. Baptista

http://www.portaldoagronegocio.com.br/noticia/agronegocio-brasileiro-a-luta-por-sobrevivencia-165287

 

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