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Informações iniciais de leilão de aeroportos estão em linha com esperado, dizem especialistas

Informações iniciais de leilão de aeroportos estão em linha com esperado, dizem especialistas

Agência Estado
30.11.2016

São Paulo

As informações divulgadas hoje pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em relação ao leilão dos aeroportos de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC) estão em linha com as expectativas do mercado e não trouxeram grandes surpresas, de acordo com especialistas consultados pelo Broadcast.

Dentre os pontos divulgados hoje estão o pagamento de uma outorga mínima de R$ 3,01 bilhões ao governo, somando os quatro aeroportos. Desse total, 25%, o equivalente a R$ 754 milhões, deverá ser pago à vista, além de 100% do ágio oferecido na licitação.

“Essa forma de pagamento, de 25% mais o ágio, é um dos critérios estabelecidos pelo conselho do PPI. A Anac apenas está refletindo uma política pública”, disse o sócio do setor de infraestrutura e regulatório do Siqueira Castro Advogados, Fernando Vilella de Andrade Vianna.

A maior outorga será cobrada do aeroporto de Fortaleza, de R$ 1,440 bilhão. O concessionário terá que pagar R$ 360 milhões à vista. Para o aeroporto de Salvador, a outorga será de R$ 1,240 bilhão, sendo R$ 310 milhões à vista. O aeroporto de Florianópolis terá outorga de R$ 211 milhões, com R$ 53 milhões à vista. E o aeroporto de Porto Alegre terá outorga de R$ 123 milhões, sendo R$ 31 milhões à vista.

Apesar de esperada, a mudança no formato de pagamento é bem-vinda, avalia o sócio de Infraestrutura e Regulatório de Tauil & Chequer Advogados, Bruno Aurélio. “É diferente do sistema atual, em que a outorga era dividida anualmente”, diz. “Essa nova perspectiva é interessante, quem quiser disputar terá de ter caixa, já que não há financiamento para o pagamento imediato da outorga.”

Quanto ao valor das outorgas, Aurélio afirma que o montante apenas não poderia ser alto demais, para não afastar potenciais investidores. “Mas a definição real de quanto o mercado decide pagar depende da percepção dos estudos econômicos sobre os dados fornecidos.”

Operador aeroportuário
Em nota, a Anac informa que a participação societária do operador aeroportuário deverá ser equivalente a, no mínimo, 15% do consórcio licitante, podendo ser admitida a soma das participações de até dois operadores, mas ambos deverão cumprir, individualmente, a habilitação técnica necessária para cada aeroporto.

Para Vianna, do Siqueira Castro, esta regra também era esperada. “Desde a minuta do edital publicada no primeiro semestre, já existia a restrição geográfica e o porcentual mínimo de 15% para o operador.”

No entanto, o advogado especialista em infraestrutura do L.O. Baptista-SVMFA, Marlon Ieiri, avalia que este porcentual representa uma evolução em relação à primeira rodada de leilões, quando era de 5%, sendo adequado à atual situação econômica do País.

“Geralmente, o operador é uma empresa estrangeira, com uma capacidade financeira interessante e, nesse caso, é melhor que tenha uma participação maior”, diz Ieiri.

Já Aurélio, do Tauil & Chequer, destaca que, entre outros pontos já esperados pelo mercado está a não-participação da Infraero nas concessões. “É uma correção de erro, de um equívoco muito sensível na modelagem das primeiras rodadas”, disse – nos leilões anteriores, a Infraero ficava com uma fatia de 49% dos aeroportos.

Quanto à restrição geográfica, isto é, a possibilidade de um mesmo grupo econômico vencer a disputa por mais de um aeroporto, desde que não situados na mesma região geográfica, Aurélio afirma que a regra era esperada e possui viés positivo. “Se não forem tantos players na disputa, é melhor que exista a possibilidade de ganhar mais de um, até para não correr o risco de o governo ficar a ver navios.”

O leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis será realizado no dia 16 de março, na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) – os quatro aeroportos vão exigir investimentos de R$ 6,613 bilhões. O prazo de concessão será de 30 anos, prorrogáveis por cinco anos, para Fortaleza, Salvador e Florianópolis, enquanto o aeroporto de Porto Alegre terá prazo de 25 anos, prorrogáveis por mais cinco anos. O edital será publicado amanhã (1º) no Diário Oficial da União.

(Victor Aguiar – [email protected])

 

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